Dr. Gabriel Fernandes

O que é a alopecia areata?

Alopecia é um termo que indica um sintoma. Nesta caso se refere à queda de cabelo, que pode acontecer por diversas causas, como a calvície. Mas existem diversos motivos para uma pessoa ter perda de cabelo. “Areata” significa área ou placa.

Quem trata de forma adequada as doenças do cabelo?

foto do dr Gabriel que trata dermatite de estase e alopecia areata

O Dr Gabriel Fernandes é médico dermatologista em São Paulo e associado da Sociedade Brasileira de Dermatologista.

Com o seu Registro de Qualificação de Especialidade pelo Conselho Federal de Medicina, o Dr Gabriel é especialista em tratar as doenças da pele, cabelo, couro cabeludo e unhas.

Sua participação na preceptoria Advancing Dermatology da Icahn School of Medicine, em Nova Iorque, reforçou seu conhecimento no uso de medicações avançadas para doenças imunomediadas da dermatologia.

A alopecia areata é uma doença autoimune, que acontece em pessoas com predisposição genética, que pode causar queda de cabelo e pelos em diversas áreas do corpo, como:

  • Couro cabeludo;
  • Sobrancelhas;
  • Cílios;
  • Barba;
  • Nariz;
  • Pelos da axila, pernas…

Pacientes podem ter pequenas áreas da cabeça sem cabelo, ou falhas na sobrancelha ou barba, ou até perder todo o cabelo do couro cabeludo e todos os pelos corpo.

Homem com queda de cabelo autoimune chamada de alopecia areata.

O que causa a alopecia areata?

Esta é uma doença chamada de poligênica, ou seja diversos fatores genéticos podem estar relacionados. Mas nem sempre quem tem estes genes vai desenvolver os sintomas dela. Por exemplo, se um gêmeo têm alopecia areata, a chance do outro também ter é de 55%.

Este tipo de alopecia é definida como uma doença autoimune.O sistema de defesa do nosso corpo, nosso sistema imunológico, que costuma nos defender de bactérias, vírus e toxinas, se torna disfuncional. Essas células imunes passam a reconhecer o folículo piloso – o berço do pelo – como um invasor e passa a atacá-lo, prejudicando o crescimento do cabelo e levando à sua queda.

Além do fator genético, o que leva uma pessoa a manifestar seus sintomas?

Esta é uma pergunta para qual ainda não temos uma resposta certa. Muitos fatores podem desencadear a perda de cabelo nas pessoas predispostas a esta doença autoimune.

Fatores como:

  • infecções por bactérias e vírus;
  • fatores do ambiente;
  • associação com outras doenças como dermatite atópica;
  • questões de saúde mental.

Todos estes fatores acima e muitos outros já têm sido estudados para tentar explicar esta condição.

Quem pode ter essa doença autoimune?

Cerca de 2% da população mundial podem ter algum episódio de alopecia areata em algum ponto da vida. Ou seja em torno de 160 milhões de pessoas têm ou já tiveram algum episódio de perda de cabelo por essa doença autoimune.

Pessoas de qualquer idade, gênero, cor de pele ou etnia podem ser afetadas pela alopecia areata. Ela geralmente acontece na infância e adolescência, mas a forma como e quando ela evolui é diferente para cada um.

Mais de 80% dos casos se inicia antes dos 40 anos de vida, 40% tem os sintomas iniciais até os 20 anos de idade.

Algumas pesquisas mostram que as mulheres podem ser mais suscetíveis a terem a alopecia areata em comparação com homens da mesma cor de pele. Pessoas com origem asiática, latina e negros aparentemente também têm uma maior chance de terem esse tipo de alopecia do que as pessoas de pele branca ou caucasiana.

Placa de alopecia areata

Sintomas e tipos de alopecia areata

Pacientes podem se apresentar com uma única placa ou falha de cabelo ou pelos no couro cabeludo, na face ou no corpo, ou até diversas combinações de múltiplas áreas que podem acontecer em diferentes tempos. Enquanto uma falha pode começar a melhorar, nada impede que outra área da cabeça ou do corpo comece a perder cabelo.

Algumas formas são mais reconhecidas como:

  • Em placas: que leva a uma ou mais áreas no formato oval que podem se juntar e formar áreas maiores sem cabelo no couro cabeludo ou falhas de pelos em sobrancelhas, cílios, corpo. Pacientes com esta forma de areata podem evoluir para duas formas mais graves como as duas próximas;
  • Alopecia ofiásica: na qual a perda de cabelo acontece principalmente nas partes laterais e de trás do couro cabeludo;
  • Alopecia areata totalis: neste caso o paciente perde todo ou quase todo o cabelo do couro cabeludo;
  • Alopecia universalis: neste caso, o paciente fica sem cabelo e sem pelos no rosto, incluindo sobrancelhas, cílios e narinas, nem no corpo.
homem sem cabelo ou cílios pela alopecia areata

O cabelo pode voltar?

Nas formas com poucas placas, a maioria dos pacientes pode voltar a ter cabelo no período de 1 ano. Mas assim como outras formas de queda de cabelo, o crescimento dele pode acontecer de forma imprevisível. E apesar de os casos leves poderem acontecer apenas uma vez na vida de uma pessoa, não há garantia de que a alopecia areata não possa retornar em outro momento.

Em formas graves, como a totalis ou universalis, ou nos casos que não conseguiram melhorar com tratamentos tópicos, a volta do cabelo e pelo raramente acontece de forma espontânea sem a ajuda de um dermatologista.

Diagnóstico da Alopecia Areata e outras condições associadas

O diagnóstico costuma ser fácil para o médico dermatologista que costuma tratar cabelo ou doenças imunomediadas.
Na consulta, a história da perda de cabelo, primeiro episódio, como começou, como evoluiu, outras tratamentos são importantes. Assim como o exame físico e o uso do dermatoscópio (a “lupa”do dermatologista). Raramente é necessário realizar uma biópsia do couro cabeludo para diagnosticar estes pacientes.

Sendo uma doença autoimune, é sabido que pacientes com este tipo de alopecia podem ter outras condições que afetam o sistema imunológico, e por isso muitas vezes podemos solicitar exames de sangue ou imagem para avaliar se o paciente também tem estas outras doenças.

Entre as condições autoimunes ou imunomediadas que costuma estar associadas, destacam-se:

  1. As doenças da tireoide: a tireoide é um órgão endócrino (que produz hormônios) em formato de borboleta que fica na região do pescoço. Ela é responsável por controlar nosso metabolismo. Mesmo que pessoas com alopecia areata não apresentem sintomas é recomendado solicitarmos exames para avaliar estas condições.
  2. Diabetes tipo 1: esta é outra doença que pode estar associada, e acontece pela falta de insulina no corpo que leva ao aumento do açúcar no sangue.
  3. Doença celíaca: uma condição hereditária que leva à inflamação do intestino quando a pessoa consome glúten. A pesquisa desta doença costuma ser recomendada para pacientes pediátricos com alopecia areata.
  4. Vitiligo: uma doença de pele que leva as células de defesa a atacarem os melanócitos que produzem a melanina e dão a cor da nossa pele. Pessoas com vitiligo podem apresentar desde poucas áreas sem cor até ter todo o corpo despigmentado.
  5. Condições atópicas ou alérgicas: são questões de maior sensibilidade do sistema imune. Em torno de 38% dos pacientes podem asma, rinite alérgica, dermatite atópica, alergia alimentar.

Não é só cabelo: o impacto mental da alopecia areata

Os transtornos de saúde mental são as mais frequentes comorbidades do paciente que vive com este tipo de alopecia. Dada a importância do cabelo em termo de autoestima, relacionamentos pessoais, profissionais, pertencimento, esta é uma das primeiras características que costuma ser notada quando alguém nos vê ou quando descrevemos alguém.

O impacto dessa perda de cabelo muitas vezes súbita é ainda mais profundo quando acontece em crianças e adolescentes no momento de descoberta de identidade, e quando se tenta se encaixar em grupos.

A depressão é uma condição médica, que vai além do “estar triste” por conta de um acontecimento ou problema específico, deve ser suspeitada quando se tem sintomas depressivos diariamente por 2 semanas ou mais (excluindo períodos de luto). Transtornos ansiosos acontecem quando a ansiedade perpetua frequentemente o cotidiano de uma pessoa nos últimos 6 meses, mesmo em momentos que não costumavam causar ansiedade.

Muitos estudos em pacientes com alopecia areata mostraram que eles são mais prováveis de ter transtorno de ansiedade ou depressão (ou ambos) do que a população geral.

Se você está passando por sintomas parecidos com estes, procure um profissional de saúde ou ligue para o número 188 (Centro de Valorização da Vida).

Como tratar a alopecia areata?

Os medicamentos ou procedimentos utilizados para tratar um paciente com esta doença variam conforme:

  • A extensão da doença, o quanto de perda aconteceu;
  • O impacto na qualidade de vida;
  • Impacto funcional na perda de sobrancelhas, cílios, que pode levar a problemas oftalmológicos;
  • A refratariedade a tratamentos mais simples.

Para casos iniciais, leves a moderados, medicamentos tópicos podem ser usados pela manhã e ou à noite para uma melhor ação. Injeções na área de falha com corticosteroides também beneficiam o paciente, mas podem ser dolorosas e necessitam que o paciente se comprometa a ir ao consultório de forma mais frequente.

Pacientes com doença mais extensa, grande impacto na qualidade de vida e que não tenham respondido a tratamentos tópicos, utilizamos imunossupressores via oral, como corticosteroides, ou mais recentemente os inibidores de JAK. Mas antes de prescrever-los, o paciente deve passar por exames e atualizar o calendário de vacinas.

Leia também:

https://cvv.org.br

https://drgabrieldermatologista.com.br/dermatite-seborreica/

Fonte: https://www.sbd.org.br/doencas/alopecia-areata/